Chegados a Mumbai, fomos recebidos por uma realidade completamente diferente da que estávamos habituados até agora na Índia. Foi quase como chegar a Bangkok, ou a uma grande capital asiática, no entanto, muito mais suja e com mais uns milhões de pessoas em cima! Caótico, é a palavra que melhor descreve esta cidade.
O aeroporto de facto sofreu uma remodelação gigante, nem sequer parece o mesmo, nem parece ser no mesmo sítio! Está arejado, com uma decoração mais ousada e leve, com árvores nas zonas de espera, candeeiros “fancy” e casas de banho limpas… Não se sente a humidade no ar, com o pó e insetos a colarem-se no nosso corpo.
Quando saímos, queríamos apanhar um táxi para ir para o Fort, um dos grandes bairros de Mumbai. Fomos ao balcão dos “pre-paid taxi” e eles disseram que custava 700 rupias. Como nós já tínhamos lido que o táxi para o centro custava não mais de 450 rupias, decidimos não comprar o bilhete de taxi e ir tentar encontrar um táxi com taxímetro para nos levar onde queríamos. Claro, vieram logo dois indianos chatos e um deles tentou vender-nos um taxi por 1.800 rupias!
“Do we look stupid?” Apetece perguntar! Rimo-nos e dissemos que não. Veio o outro! “Sir, Sir, 1.100 rupees!” Oferecemos 400 rupias e isso só faz com eles não nos larguem mais… Ele oferece 1.000, nós 400. Ele 800, nós 400. Ele 700 e nós… BYE BYE!!! Lá nos conseguimos libertar deles e entrámos num táxi com taxímetro. Só por curiosidade, o táxi levava uma botija de gás na mala e as nossas malas tiveram de ir no banco da frente do carro!
Tomámos o pequeno-almoço e fomos até à estação de comboios, para comprarmos o bilhete para Goa para amanhã. Ora, aqui é que a porca torce o rabo! Primeiro que se consiga entender o que quer que seja naquela estação é um dia de juízo e depois temos 10 cães a um osso para nos tentar vender de tudo mais alguma coisa! Procurámos por todo o lado o “Tourist Counter” e nada.
Estávamos à espera de sermos atendidos por um funcionário da estação, quando um senhor super simpático nos pergunta se precisávamos de ajuda e nós lá dissemos o que queríamos e ele disse que não era ali, que era do outro lado e muito gentilmente levou-nos até lá. Apontou o sítio e despediu-se com um sorriso (sem cobrar nenhuma rupia, o que é tão bom quanto estranho!). Nem há 5 segundos estávamos na fila, vem um dos funcionários de dentro do balcão e diz-nos que não era ali e levou-nos para fora da estação a dizer que era do outro lado da rua. Lá fomos nós, meios baralhados, atrás dele. Quando demos conta, o trafulha já nos estava a levar para uma agência de viagens para nos vender uma viagem de 12h para Goa, em segunda classe, em “sleeper class” (com sítio para dormir) com ar condicionado por 6.500 rupias! Nós sabíamos que para Kochi (é mais a sul do que Goa, o dobro da distância e este comboio passa por Goa) custava 1.200RI! Rimo-nos, levantámos-nos e saímos.
Ele ainda veio atrás de nós e tal, a tentar renegociar o preço… AZAR! Fartos de monhés chicos espertos estamos nós! Já estamos na Índia há 10 dias e já começamos a sentir a falta de “situações” ocidentais, tais como comida, andar na rua sem ouvir buzinas, sem pessoas sempre a chamar por nós para nos vender alguma coisa, sem os cheiros… A nossa roupa começa a ficar suja demais e já estamos a pensar em passar pela lavandaria para pôr tudo para lavar! Pensar em comprar roupa aqui, não será uma boa solução, porque parece que roupa já vem suja e com um cheiro muito característico indiano…
Lá viemos embora da agência de viagens, super chateados porque nos fizeram gastar o nosso tempo precioso aqui e andamos uns bons 300 metros, e voltámos para a estação. De repente, vimos um “Reservation Center” por baixo de “Central Station” e tentámos a sorte. Era ali mesmo! Super contentes, pagámos 3.200RI em vez dos 6.500! Metade do preço! Decidimos tirar fotos ao sítio para podermos pôr aqui no blog para os próximos saberem onde é.
DICA: ver imagens abaixo para encontrarem o sítio. Primeira imagem é das escadas que dão para o piso onde se compram os bilhetes de comboio. A segunda imagem é do mesmo sitio, olhando para trás. A terceira é a entrada para aceder às escadas. Não é fácil de encontrar mas vale a pena a procura!
Batalha ganha, fomos para Colaba explorar o bairro e almoçar. Já tínhamos selecionado no Zomato o restaurante Colaba Social e metemo-nos num táxi para lá. Já estávamos cheios de fome e quando vimos a riqueza do hambúrguer de carne de vaca que nos puseram à frente, nem queríamos acreditar! Eles ficaram escandalizados quando lhes pedimos o hambúrguer mal passado e disseram que não faziam, só médio! Lá tinha de ser! Estava uma delícia! O Diogo já se sente bem melhor e por isso, decidimos não comer indiano para ser mais seguro.
A seguir, de papo bem cheio (quase a rebolar), fomos visitar o grande Hotel Taj Mahal, onde em 2008 houve o atentado, quando uma bomba explodiu no interior do hotel e fomos ao Indian Gate, onde todos tiram fotos a apanhar tanto o hotel como o grande arco. Depois de bem explorado o hotel, fotos de inspiração tiradas e algumas selfies, fomos tirar a tradicional foto da Indian Gate para o hotel. Toda a gente a fazer o mesmo e a pedirem para tirar fotos connosco!
Estávamos cansadinhos de todo! Depois de considerar algumas hipóteses, de avaliar a dor de cabeça de cansaço, decidimos que era melhor irmos para o hotel dormitar umas 2h00 para depois ir até à praia em Chowpatty, para vermos o pôr do sol e irmos jantar. O problema é que quando pousámos a cabeça na almofada, não queríamos tirar mais… Estávamos mesmo muito cansados. Mas lá fizemos o esforço e muito lentamente (e depois de, mais uma vez, consultar o Zomato!), saímos do hotel, bem já depois do pôr do sol, entrámos num táxi e lá fomos nós para a praia.
Quando lá chegámos, nem queríamos acreditar na quantidade de pessoas que estavam na praia. Famílias inteiras, a fazerem castelos na areia, a comerem ou mesmo só a conversar, sentadas na areia, muçulmanos e hindus, todos juntos a socializarem! Nem queiram saber na quantidade de lixo que boiava à superfície da água e que se arrastava nas ondas… E atenção que era de noite e a visibilidade era bastante reduzida, sendo que estaria mil vezes pior, certamente!
Depois de fotos, análises de cenários, críticas aqui e ali, metemo-nos no táxi até ao Gustoso, um restaurante italiano, onde eu comi um risotto de cogumelos delicioso e o Diogo uma pasta com ervilhas e cogumelos maravilhosa! Estava de babar! As pizzas tinham mesmo muito bom aspeto e eram gigantes!
Damos conta que os indianos comem imenso, porque na mesa ao lado estavam 3 pessoas, mais novos do que nós, cada um com o seu milk-shake (que por si só já tira a barriga de misérias), com uma entrada a partilhar e comeram uma pizza os três que era tão grande que não cabia na mesa! Tiveram de pôr uma estrutura para pousar a pizza “no andar de cima”, acima das cabeças deles.
A seguir fomos ao Cubano experimentar um pub indiano, mas era muito cedo e estava vazio. Decidimos ir a outro e entrámos noutro táxi. Quando chegámos ao destino, eu ia a abrir a porta e o motorista acende a luz e eu vejo uma barata no manípulo onde eu ia pôr a mão para sair. ACABEI DE SAIR DA MINHA ZONA DE CONFORTO, onde estava muito tranquila, muito pacífica e serena!
Qual sujidade, qual cheiro, qual hotel de merda… Não, a barata foi o que me tirou do meu mundinho zen! Começo a sentir arrepios contínuos que começam no couro cabeludo e percorrem o corpo todo até à ponta dos pés, começo a sentir comichão na cabeça, no pescoço, nas pernas, nos braços, parece que tenho a barata no meu corpo. Imagino se lhe tivesse tocado e volto a sentir isto tudo de novo e entro nesse ciclo vicioso. Acabou o meu sossego… Nem quero imaginar a viagem de regresso para o hotel.
Lá fomos ao Bombay Bronx, que foi mais um tiro ao lado. Apesar da música estar bastante boa, com Bob Marley a tocar, o mojito que eu pedi estava uma porcaria e o ambiente não agradava. Viemos embora, depois de tentarmos resolver o problema das notas de 2.000 rupias que nos deram no banco e que agora ninguém tem troco para nos dar, sempre que as apresentamos!
Apanhámos o melhor táxi que nos apareceu, eu fui encolhida o caminho todo até chegar ao hotel.
Acordamos para o segundo e último dia de Mumbai. Foi um acordar lento e preguiçoso, com momentos de dormitar entre boas espreguiçadelas. Para nós bem poderiam ser 11h00 da manhã mas eram apenas 8h30! Nada melhor do que estar de férias e acordar sem despertador, mas cedo para não perder o dia.
Fomos tomar o pequeno almoço e começamos a pesquisar tours para irmos à maior favela da Ásia – Daravi.
Depois de procurar online, para termos um termo de comparação para sabermos qual seria o preço justo a pagar, se comprássemos na rua ou numa agência de turismo, fomos procurar pelas ruas. Como sempre, estes indianos são uns chatos e só nos fazem perder tempo e paciência. Perguntámos a um segurança de um hotel onde podíamos encontrar uma agência para fazer o tour da favela e ele disse que para nós era muito melhor ir com um senhor já com uma certa idade, que por acaso estava ali parado dentro do táxi, porque era mais barato e ele ia saber levar-nos onde queríamos ir, porque conhecia bem a favela. Lá falamos com ele e depois de marralhar (como de costume), chegamos a um acordo. Entramos no táxi, ele arrancou e nós perguntamos o que é que ele nos ia mostrar. Ele disse que nos deixava na favela, esperava no carro e trazia-nos de volta…
Ora bolas para isto!!!! Pedimos para parar o carro e demos-lhe o dinheiro equivalente ao caminho que ele tinha percorrido. Estas situações são muito chatas, quer para eles, quer para nós. Para eles, porque eles são super supersticiosos e acreditam que o primeiro negócio da manhã lhes traz sorte para o dia inteiro. Agora imaginem o primeiro da semana!! Para nós, porque eles não nos largam naturalmente, por isso estar já dentro do carro, com o negócio feito e a caminho da cena, é mil vezes pior! E acaba por ser uma perda de tempo!