A viagem até VeraCruz e Orizaba foi sempre em autoestradas de uma faixa em que é legal e obrigatório irmos para a berma para fugirmos do carro que vem a ultrapassar no sentido contrário. Um sistema muito estranho quanto existe tanto terreno livre para construir uma autoestrada tradicional de 4 faixas. Ainda por cima não é barata, 120kms tiveram um custo de cerca de 30€ em portagens, o preço mais alto que pagamos por portagens até hoje.
Viajamos numa cápsula do tempo até La Antígua. Ainda há uma aura de descobrimentos no lugar. Quase perdida no meio das árvores, é possível imaginar como foi a vila onde Hernán Cortés estabeleceu a primeira povoação espanhola no México. Um sítio especial com uma igreja no centro, mais recente, próxima das ruínas da primeira versão da mesma. Uma vila super pequena com uma dúzia de casas e um bom restaurante a céu aberto, a servir marisco fresco, junto à igreja.
Mas Veracruz recebeu-nos de cara feia. Numa espécie de Albufeira misturada com Las Vegas, está cheia de casinos e turistas, com bairos não tão seguros (ao que estávamos habituados). Desiludiu e ficou muito aquém das expectativas. Os 320km feitos para chegarmos aqui saíram-nos do corpo e para animar fomos logo jantar e beber umas tequilas. Este destilado de agave tem a capacidade de aligeirar o mau humor e despertar boas sensações, por isso soltamos as rédeas e deixamo-nos ir. Quando fomos para a cama, já não havia uma alma triste. Fizemos a pesquisa de onde parar a seguir e, como a Filipa estava com o nome Orizaba no ouvido, decidimos parar lá para almoçar, a caminho de Zapotitlan e a Bioreserva dos cactos.
VeraCruz e Orizaba são muito diferentes. Esta última foi um oásis neste sentimento de viagem desperdiçada, um aglomerado de alívio e cores fortes. Com a constante presença do Pico de Orizaba a acompanhar a nossa viagem, nos seus 5.636 metros de altitude, a mais alta do México, Orizaba cresce debaixo das suas saias, ainda protegido de luxos. Entre sorrisos sinceros e comida local, fomos percorrendo livremente as ruas e falando com os locais curiosos com a nossa presença. Parecem ver poucos por ali e fazem muitas perguntas. “Faz frio onde voces vivem?” ou “Estão a gostar do meu país?” ou ainda “Há quanto tempo estão aqui e o que é que viram?” são as perguntas mais frequentes.
Querem que provemos tudo no restaurante, enchem a mesa com uma amostra de tudo no menu. Tanta comida… Não há parede divisória do restaurante para a rua e quem passa na rua acaba por parar para ouvir a nossa conversa. É uma espécie de garagem adaptada. Da rua sorriem e dizem-nos adeus. Perguntam-nos se vamos voltar… “Se Deus quiser!”
Se quiseres saber mais sobre o México, lê os artigos sobre a Cidade do México, Puebla, Cholula, Oaxaca, Zapotitlan, Teotihuacan, Zicatela e Baja Califórnia Sur.
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