Malekula
Depois de quatro horas de sono, lá nos fizemos à estrada para mais um voo em direção à ilha de Malekula.
Chegados ao aeroporto de voos domésticos, fizemos o check in e fomos tomar o pequeno almoço num “barraco” dentro do aeroporto, onde as duas raparigas que lá estavam a trabalhar davam o seu melhor para servir o melhor cappuccino de Vanuatu. O problema é que para isso, demoravam cerca de 10 minutos por café! Café de máquina com leite gordo, quase tipo natas, onde faziam creme que colocavam por cima do café com leite com muito cuidado e por cima faziam desenhos com chocolate líquido. 10 minutos por cada copo!! Mas ficavam muito orgulhosas do trabalho que faziam! Trouxemos também dois muffins de chocolate e eu dei metade do meu a uns meninos que estavam à porta do aeroporto. Eles ficaram super contentes e partilharam entre eles, ficando com a boca cheia de chocolate!
Quando foi hora de embarcar, basta abrir uma porta, passamos por um balcão de contraplacado podre, mostramos o cartão de embarque e ok! Vamos lá! Ninguém inspeciona malas de mão nem nos levam até ao avião… Calma, não era um avião, era uma avioneta onde íamos 6 pessoas lá dentro mais dois comandantes que conduziam a avioneta dos anos 60 a hélices!
Lá lhes deram autorização e passados nem 5 minutos de termos mostrado o cartão de embarque no balcão de contraplacado já estávamos no ar.
As ilhas são extremamente verdes e Efate, a ilha de Port-Vila, é enorme. Ainda vimos uma cascata do ar e lá fomos nós em direção a norte.
Depois de 30 minutos só a ver mar (e eu cheia de frio lá dentro) começamos a ver ilhas espalhadas pelo oceano e foi então que vimos uma ilha gigante, que durante 20 minutos só vimos selva intocada pelo homem. Quando chegamos à zona norte, começamos a ver coqueiros e pouca construção. A avioneta deu a volta para se fazer à pista e a pista não era nada mais nada menos do que um pedacinho estreito de alcatrão, atirado para cima de ervas. Mas ainda não tínhamos visto o “mega aeroporto” de Norsup!!! Bem, não há palavras para descrever este “aeroporto”! Sim, entre aspas!! Porque de aeroporto não tinha nada! São ruínas de 2 casas de 4metros quadrados cada uma, ainda em tijolo e cimento, um casebre que serve de casa de banho. Uma das casas era um restaurante que alguém achou que não devia ser e deitou fogo aquilo tudo! Vejam as fotos que são mais exemplificativas!
Aqui tudo é MUITO relaxado… Não há horas para nada, as pessoas descansam nas árvores e são todos uma grande família onde todos se conhecem. Estávamos à espera de alguém do nosso hotel que nos viesse buscar e uma rapariga, de Washington D.C. que trabalha cá a dar aulas de inglês, ofereceu-se para ligar para o hotel. Ninguém atendeu e ela foi embora, carregadíssima, cheia de sacos com vinho, ovos e queijo, que trazia de Port-Vila onde tinha ido ao super mercado porque em Malekula não há destes luxos. Passados 3 minutos, lá vem ela para trás porque a fulana do hotel tinha devolvido a chamada e ela voltou para trás com os seus sacos para que nós pudéssemos falar com o nosso hotel. Lá dissemos que já estávamos à espera e eles disseram que iam nos buscar.
A miúda foi embora e de repente chega uma pick-up e de lá de dentro fala um homem com um braço de fora:
“Diogo? This call is for you!” Lá nos chegamos à frente e ele disse que o hotel lhe ligou para nos vir buscar. Disse que ia deixar a família no centro de Norsup e que daí a 20minutos nos vinha buscar… TRANQUILO! Temos tempo!! Lol!!!
Lá foi ele, deixando-nos no meio das ruínas chamadas de aeroporto, com mais 3 homens a dormir, literalmente, à sombra da bananeira!!
Passados 35 minutos lá volta ele e traz-nos na parte de trás da pick-up por estradas de terra batida cheia de buracos enquanto passávamos por pessoas locais sempre de sorriso nos lábios, a dizerem adeus e a rir de contentes.
O nosso guia até ao hotel foi-nos contando que ele era cristão, casado e com um filho de 2,5 anos. Que agora já não havia canibais e que o cristianismo contribuiu muito para isso. Fomos fazendo perguntas e percebemos que é protestante e não cristão, disse que não acreditava em santos, só em Deus. Contou-nos algumas coisas sobre a ilha e levou-nos a ver uma vista fabulosa no topo de uma montanha. Tiramos a foto da praxe com ele e viemos para o hotel.
O hotel é no meio do nada, mesmo em cima do mar, temos uma vista maravilhosa e mais uma vez a única coisa que ouvimos é o barulho de pássaros e o bater das ondas do mar nas rochas da pequena encosta onde está o hotel. A construção é tradicional, feita em canas de bambu espalmadas e secas com telhados muito inclinados de duas águas. Casas muito baixinhas com poucas infraestruturas. É a dona do hotel que cozinha para nós. Já fomos fazer snorkelling na esperança de vermos dugongs…
Defeitos da guesthouse:
- cama dura
- casa de banho partilhada
- um pouco longe de tudo
Vantagens:
- ambiente calmo e relaxado
- um mar enorme só para nós
- nada de turistas nem barulhos
- estamos muito perto das tribos tradicionais
- comida tradicional