Quando falamos de susto no mergulho, imediatamente a vossa cabeça pensa nalgum ataque. Mas lê mais abaixo para saberes tudo que aconteceu. Não foi o que estás à espera…
Foi nas Seychelles que um dos maiores sustos no mergulho que tivemos aconteceu. Estávamos num liveaboard (para quem não sabe o que é um liveaboard, é viver num barco, com mergulho, dormida e comida incluída) a explorar as várias ilhas deste arquipélago. Não era o primeiro mergulho que fazíamos na zona (nem ia ser o último) e estávamos a adorar.
Tínhamos acabado de entrar e tínhamos chegado à profundidade máxima daquele mergulho e estávamos a começar a explorar os corais quando ouvi um barulho contínuo como se uma máquina de lavar roupa estivesse perto de mim. Olhei para os lados e para cima e não vi nada. Olhei para o Diogo e para o guia mas eles estavam distraídos a olhar para o coral. Olhei para trás e foi aí que vi o ar a sair da minha garrafa. Olhei para a seta que mede a quantidade de ar na garrafa e estava a descer a pique!
“Ok, vou ficar sem ar.”, pensei com calma e frieza. “Onde está o Diogo? Onde está o guia?” Olhei para eles e já só vi o Diogo. Nadei rápido para ele e peguei imediatamente no bocal de emergência dele, que se vê bem ao longe devido à sua cor ser amarelo forte. Em apenas alguns segundos, a minha garrafa deixou de ter ar e o guia apareceu logo a seguir. Tinha visto o que se estava a passar e veio a correr ter connosco. Fechou a minha garrafa, que já estava vazia e perguntou se eu estava bem. Acenei afirmativamente com a cabeça e ele fez sinal para eu andar com ele o resto do mergulho, a consumir ar da mesma garrafa que ele. Pensei que ia ser o mergulho mais rápido das nossas vidas, visto estarmos dois a consumir o mesmo ar.
Segurei a garrafa dele, como se fosse um manípulo e andei atrelada o resto do mergulho ao nosso guia, enquanto íamos descobrindo várias espécies de animais ao longo do mergulho. Íamos controlando o ar e apontando para animais, comigo atrelada e agarrada à garrafa de ar. O Diogo andava por perto, com receio que acontecesse o mesmo à botija dele. Acabámos por fazer o mesmo tempo de mergulho como se cada um tivesse a sua garrafa e o susto não passou dos 10 segundos que demorei a chegar ao Diogo.
Eu bem sei que temos experiência, que estamos treinados para este tipo de situação, mas a verdade é que quando os problemas acontecessem, a tendência é entrar em pânico e bloquear. Neste caso, o meu cérebro apenas pensou na solução mais evidente, que era “preciso de ar, o Diogo tem ar, nada para o Diogo.” E foi isso que fiz, quase no mesmo segundo que vi o ar a descer. Fiquei sem ar por completo em menos de 10 segundos, mas o Diogo estava perto de mim, como seria suposto. Nunca mergulhem sozinhos, um “dive buddy” é obrigatório. Nunca se sabe o que pode acontecer… E esta não é a única situação de todas as que podem surgir. Podemos nos perder, magoar, ficar presos, entre muitas outras coisas.
No entanto, apesar disto ter acontecido nas Seychelles, este destino entra direto para o nosso top de destinos de mergulho, não para os 10 melhores, mas para os 20 melhores. Não deixou traumas nem me bloqueou de continuar a mergulhar. A empresa que explora este liveaboard deveria ser mais cuidadosa nas revisões e inspeções do material que usa, mas a partir do momento que a minha garrafa se abriu debaixo de água, todo o equipamento era inspecionado ao milímetro para que não voltassem a ter outro susto durante um mergulho, já que o meu tinha corrido tão bem.
Como é que tu reagirias se isto te acontecesse?
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