Singapura

Abril 2018

Chegados ao aeroporto, deparamo-nos com um cenário que parecia saído de um anúncio do “branco mais branco não há”, mas desta vez seria “limpo e arrumado mais limpo e arrumado não há”! Não se via nada fora do sítio e nada estava sujo. Podia deitar-me no chão e fazer uma soneca sem me sujar. Lá fora, não se vê lixo no chão, nem papéis, nem plásticos, vidros ou lixo orgânico. NADA! Os balcões que estão vazios e que não estão a ser usados, estão impecavelmente limpos e arrumados. Com arrumados quero dizer vazios, sem capas, papéis ou canetas.

Existem várias maneiras de ir do aeroporto para o centro: comboio, metro, autocarro, táxis e a novidade foram as carrinhas privadas. Difícil é entender à primeira para onde se deve ir e qual o mais rápido e mais barato. É claro que bom, barato e fácil é impossível. Para isso vão ao totta! Mas o mais baratinho é mesmo o metro que demora 40min e custa 2,5$SG (1,50€/pp) e sai do T2 (procurar “train to city”, com a imagem de um metro), apanhar a linha verde “east west line” com direção a “tanah merah”, mudar em “tanah merah” com direção a “tuas link”. O sistema de metro funciona super bem! As carruagens são largas e imaculadas! Existem 5 linhas (verde, vermelha, roxa, amarela e azul) que cobrem toda a área central e nos arredores fizemo-nos valer dos autocarros que cobrem o resto. À chegada ao aeroporto, vale a pena comprar um passe de metro que custa 13$SG por pessoa, por dia, com um direito a um depósito reembolsável de 10$SG. Nós comprámos para os 2 dias, por isso custou-nos 52$SG com 20$SG reembolsável, os dois! Ficou por 32$SG (19,70€) e este passe dá para qualquer meio de transporte e dura até às 00h do dia seguinte.

De comboio demorava quase 1h e custava cerca de 6$SG. De autocarro custava 3$SG, mas era impossível dizerem quanto tempo demorava porque fazia muitas paragens e por causa do trânsito. Táxis é sempre o mesmo roubo e nós, um pouco perdidos à procura do comboio, pedimos ajuda a um rapaz e ele falou-nos das carrinhas privadas, um serviço exclusivo do aeroporto que funcionava como um táxi que nos leva à porta do hotel mas mais barato. Aceitámos a sugestão, ele levou-nos ao balcão (é incrível como estas pessoas abandonam as suas vidas e os seus caminhos para nos ajudar, a 1a vez foi em Hong Kong, 2a vez em Tokyo e agora) e pagámos 9$SG por pessoa. Não sabíamos nós que era possível ir de metro (a melhor opção). O metro é muito confortável, seguro e rápido.

Nós ficamos em Chinatown, no Opera Hotel, um hotel super bem situado (muito perto do heritage center e do templo Budah Tooth), com zonas públicas maravilhosas, todo o hotel é pintado de vermelho carmim – na minha opinião profissional, o vermelho só funciona em ambientes orientais por ser uma cor pesada e associada a sangue e a pubs ligados à prática de sexo – com madeiras escuras e iluminação muito cuidada com candeeiros chineses muito bonitos. O problema deste hotel é claramente os quartos… são fracos, pequenos, a cama está enfiada entre 3 paredes, sendo a única maneira de entrar para a cama pelos pés da cama e gatinhando. O edredon só tapa a face superior da cama deixando-nos meios destapados. A casa de banho, francamente, nem tenho palavras… apesar de ser limpa e espaçosa (quase do tamanho do quarto), o duche é o espaço mais ridículo que eu alguma vez vi. A parede do lavatório media 130cm, o móvel do lavatório ocupava 100cm e o chuveiro estava centrado nos 30cm que sobravam, sem base de duche, sem resguardo, molhando TUDO à nossa volta. Um duche como só na Índia vi igual, mas lá pelo menos tínhamos uns 60cm disponíveis para tomarmos banho. Aqui tínhamos de estar de lado e encolher a barriga ao máximo! Como é que um hotel tão bonito nas zonas comuns, faz quartos destes… lamentável!

Singapura revelou-se uma cidade financeira, virada para serviços e comércio, extremamente organizada e limpa. No primeiro dia até comentamos que se não passássemos a rua na passadeira, éramos presos e fuzilados! Ainda no aeroporto, vimos anúncios a dizer que transportar droga aqui leva a pena de morte por fuzilamento… 

Com uma pequena quantidade és morto a tiro!

A cidade está muito bem servida de cafés e restaurantes, sendo que os melhores e mais baratos (segundo a nossa opinião e gosto, claro) estão nos centros comerciais. Estas zonas de restauração são bonitas e cuidadas e parecem restaurantes trendy, criando o ambiente certo para comer, havendo uma variedade enorme de escolha culinária, que transpira design.

Após ler alguns blogs, ver fotos de bloggers no instagram e de procurar os melhores sítios para visitar e os sítios “off the beatten track”, mas mesmo assim merecedores de visita e foto (como o Jurong Bird Park), elegemos para visitar no primeiro dia:

– Chinatown! Fomos ao Buda Tooth, passámos pelo Heritage Center, “perdemo-nos” pelas ruelas de restaurantes e lojas chinesas e acabámos por tomar o pequeno almoço à saída da estação de Clark Quay, num sítio muito pequeno ao lado do Starbucks (é impossível tomar o pequeno almoço em Chinatown) a caminho de Little Índia.

– Little Índia, com os seus templos, mercados e casas antigas, as músicas indianas a passar em cada loja ou mini mercado, que nos transportam para Bombaim ou Delhi se fecharmos os olhos, as cores das flores para o Divali a serem preparadas em cada esquina, os indianos com o clássico abanar de cabeça sempre que falam e o cheirinho a caril que dez em quando passa no ar. Uma vantagem? Não é tão sujo como na Índia, mas garanto-vos que não é a mesma coisa… perde a genuidade, o encanto e a magia que só a Índia tem e nos pode transmitir.

– os jardins botânicos e o jardim das orquídeas, onde demos um bonito passeio (a tostar debaixo do sol), com lagos carregadinhos de nenúfares, árvores milenares e cantos e recantos com pássaros, répteis, plantas e flores. Almoçámos muito bem no Bee’s Knees (eu uma salada maravilhosa de figos, abóbora, queijo cabra e rúcula com molho de vinagre balsâmico com mel e soja e o Diogo uma massa trufada com cogumelos deliciosa). Aqui cada lugar com ar condicionado é um paraíso e a alma sorri sempre que se entra numa loja.

– Suntec City, um shopping de tecnologias, lojas e restaurantes. É fácil uma pessoa se perder nas lojas dos shoppings porque para além de ter as lojas habituais ocidentais (como Zara, Mango ou H&M mas com melhores preços), tem inúmeras lojas diferentes, com roupa coreana, indonesa e marcas orientais cheias de pinta que não se encontram na europa.

– Esplanade com os seus teatros ao ar livre, com vista para a marina, com o famoso Marina Bay Sands de background do lado esquerdo, o Merlion do lado direito e todos os barcos a passearem à nossa frente. Ainda mais para a esquerda temos a roda gigante, a Helix Bridge (que parece querer imitar a cadeia de DNA humana) e a plataforma da marina que desta vez estava cheia de animais insufláveis (unicornios e flamingos gigantes!!) numa feira para crianças.

– Merlion, uma fonte enorme, numa forma mitológica com corpo de peixe e cabeça de leão, que expele um jacto de água em direção ao Marina Bay Sands, originando filas de pessoas que querem tirar fotos usando a ilusão de óptica para fingir que estão a tomar banho ou que a água está a cair na sua mão ou até nas suas bocas, sendo que esta última imagem era algo engraçado sempre que elas abriam a boca e inclinavam a cabeça para trás, como se estivessem a beber.

– Helix Bridge a caminho do Marina Bay Sands, com passagem pelo Science Center, uma estrutura tipo flor de lotus em betão com janelas em cada ponta das pétalas, e pelo shopping da marina cujo centro é um género de um ringue onde o chão, com o peso das pessoas, muda de cor e imite sons, quase como um cardume de peixes que se desvia à medida que nos aproximamos. Muito bonito para se ver de cima do último andar.

– Marina Bay Sands, um hotel luxuoso onde tudo é pago e onde os “bloggers wannabe” querem ser vistos. Para subir até ao bar, paga-se 20$SG (12€) por pessoa, consumíveis (cada cocktail custa 23$SG+tax), mas sem acesso à piscina (espaço reservado para hóspedes), onde se vê os chineses ricos com as suas mulheres muito mais novas, vêem-se as “gold diggers” sozinhas, à caça da próxima presa fácil, sendo eleito qualquer homem o mais rico e mais velho possível (note-se que ser bonito, elegante e/ou apresentável aqui não interessa, basta ter dinheiro e ser velho) e as “bloggers wannabe” que posam para as fotos, fazem beicinho e sorriem sozinhas para as câmaras, fazendo poses inúteis para parecerem mais bonitas do que são ou ter mais mamas ou mais rabo. Vêem-se as “Kim Kardashian” todas, cheias de silicone, a passearem-se em bicos de pés pela beira da piscina numa cena ridícula, com rabos que parecem bombas relógio prestes a explodir silicone para cima das pessoas, a entrarem na água com o pezinho esticado e o rabo (ainda mais) empinado e a pestanejarem as pestanas postiças para o ricalhaço mais próximo. Vêem-se os empresários milionários que tentam relaxar um pouco antes da próxima reunião ou próximo vôo, em tentativas falhadas, enquanto rabos, mamas e pestanejos são lançados na sua direção. E nós, aqueles que têm curiosidade em saber como é, o que se passa ali e acabam por se rir de todo este circo. Conhecemos um grupo super divertido de brasileiros com cerca de 50 anos, que viajam pelo sudoeste asiático, que enquanto nós não nos identificamos como portugueses, estavam no mesmo registo do nosso, a dizer “olha essa merda” ou “nossa, olha a roupa dessa aí “. Foi um pagode só quando dissemos que éramos portugueses e aí eram só risadas e piadas lançadas, fazendo a festa com muito pouco, chamando todas as atenções com os risos, piadas e gargalhadas. Ao nosso lado estava um grupo de italianos cujo um deles teria cerca de 70 anos, todo esticado e cheio de botox, a tentar parecer bem mais novo mas a falhar redondamente, cheio de pulseiras. Uma das brasileiras disse logo que queria tirar uma foto com ele e quando eu o chamei de “sinhozinho malta” e abanei o pulso e disse “estou certo ou estou errado”, quase fizemos xixi nas cuecas de tanto rir! O Marina Bay Sands ficou, para nós, marcado como um sítio muito mal frequentado, com bebidas e comidas caras, mas com vistas incríveis para a cidade, ideal para ver o pôr do sol.

– Jantar no Lau Pa Sat, uma espécie de mercado tradicional e antigo, com muitos restaurantes à escolha. Dica: ir antes das 20h senão apanham tudo fechado!

– Gardens by the Bay à noite, com tudo iluminado. Muito bonito mas super difícil de tirar fotos onde nós aparecemos por falta de luz. Nós chegámos lá às 22h30 e a plataforma que anda na copa das árvores artificiais já tinha fechado. Dica: chegar à noite, mas antes das 21h. Aqui janta-se com as galinhas e o normal é jantar às 19h, sendo que alguns restaurantes (raro!) fecham às 19h.

Segundo dia:

– Pequeno almoço em Outram (a sul de Chinatown), num café pequeno com croissants, numa vila super gira com edifícios típicos ingleses, tudo organizado e arranjado.

– Jurong Bird Park, cheio de pássaros exóticos, onde estes andam à solta dentro de gaiolas/jaulas enormes (muito do género do jurassic park). Aqui vimos várias espécies de papagaios, tucanos, pinguins, flamingos, pelicanos e todo um range dos mais variados pássaros. 

– Chijmes, uma antiga igreja convertida em centro de restaurantes. Caro, mas super trendy, com esplanadas e bom ambiente. Nós fomos ao centro comercial do outro lado da rua e tivemos uma das melhores refeições em Singapura, que veio num prato a ferver, ainda a estalar para a mesa, com arroz, milho e carne wagyu super tenra. Um must try, na nossa opinião!

– Gardens by the Bay à tarde com sol, para tirarmos fotos! Os jardins são muito bonitos e cuidados, cheios de flores coloridas. Aqui vemos famílias a passear, a fazer picnics, pessoas a fazer jogging, a andar de bicicleta e casais a namorar. Apesar de passarmos um calor insuportável  (que quase fez não valer a pena voltar aqui), é muito bonito e relaxante e dá para subir à plataforma das copas das árvores. 

O Marina Bay Sands está sempre presente nas fotos. Para quem não for importante tirar fotos em que apareçamos, o meu conselho é ir à noite, logo a seguir a jantar, por voltas das 20h. Muito mais fresco e francamente muito mais bonito com tudo iluminado num ambiente mágico, sendo possível subir à copa das árvores se forem cedo.

– Haji Lane, uma rua que à tarde são lojas trendy e que à noite se transformam em restaurantes (noite, note-se 19h! Ainda nem o sol se pôs…). Ao lado temos a Arab Street, cheia de bares e lojas, também a visitar e para quem quiser fumar shi-sha.

– Jantar em Clark Quay, com vista para o Marina Bay Sands para se ver o espetáculo de luzes (às 20h ou às 21h30 de domingo a quinta ou às 20h ou 21h30 ou 23h às sextas e sábados). Nós jantamos num japonês que tinha espetadinhas de carne grelhada entre 1,5$SG a 4$SG cada uma e vimos o espetáculo na primeira fila, junto ao rio, ao som de música ao vivo vinda do outro lado do rio, com um grupo de empresários japoneses a falar japonês que nos maravilhou o jantar todo.

Foi com um “sayonara” que nos despedimos deles e de Singapura, deixando a ilha de Sentosa (com a Universal Studios, Disneyland e o ponto mais a sul da Ásia continental) e a ilha de St. Johns (com praias paradisíacas) por visitar.

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