Deixamos San José Del Cabo a bordo do Southern Sport rumo à ilha Socorro, no arquipélago Revillagigedo. Esperam-nos 26 horas de viagem até ao nosso destino. mais de um dia a bordo, a descansar, a aproveitar para pôr em dia a leitura, a escrita, a meditação e o descanso.
O dia passa devagar. Vamos aproveitando para conhecer aqueles que serão os nossos companheiros de mergulho. São quase todos espanhóis, divididos entre Madrid e Barcelona. Os restantes são 2 americanos, 1 inglês e nós, fora os funcionários a bordo, que são todos mexicanos.
Nota-se a excitação no ar, a crescer a cada légua percorrida. O aproximar do destino, traz impaciência, nervosismo e excitação. É geral no comportamento do grupo inteiro, até dos guias, que começam a preparar o equipamento de toda a gente. Cantam, mandam piadas uns aos outros, molham-se na brincadeira e ameaçam atirarem-se à água, dizendo que os tubarões os vão comer.
Quando chegámos à ilha Socorro, estamos na presença de uma ilha árida, com um grande vulcão extinto. Numa forma avalizada, numa das pontas entra pelo mar como um braço. Tem umas pedras a pontuar o oceano, perto da costa, que claramente faziam parte da ilha há algum tempo e que se separaram dela por algum motivo.
Estão outros barcos na zona que têm prioridade em relação a nós. Aqui, quem chega primeiro, mergulha primeiro. Para não estar demasiada gente dentro de água, fazemos por turnos, o que é excelente. E conforme as horas andam, o mergulho é sempre diferente e os animais não estão sempre no mesmo sítio à nossa espera. Quer nas Socorro, como em Roca Partida ou no Boiler, os 3 sítios que vamos visitar nesta nossa visita ao arquipélago Revillagigedo, é assim que funciona e é só à noite que se sabem as horas dos 4 mergulhos que vamos fazer no dia seguinte e é definido a hora do despertador.
Os mergulhos nestes três sítios foram os melhores que já fizemos até hoje. Depois de 350 mergulhos cada um, descobrimos este pequeno paraíso e podemos dizer que este sítio salta imediatamente para primeiro lugar na lista de mergulho. Com alguma corrente, vêm os grandes peixes, os tubarões, as mantas, as baleias, os golfinhos… tudo o que nós queremos ver, nesta fase que nos encontramos na saga do mergulho. O Diogo vai a todos, mas a Filipa prefere ser mais seletiva e só ir quando de facto se justifica. Para ver corais e peixes comuns (até tubarões de recife), ela prefere não ir. O que lhe dá vontade de ir são mesmo os grandes animais, animais de corrente, de profundidade, como estes que encontramos aqui. Para o Diogo o essencial é ver tubarões, para a Filipa são os golfinhos e os dois ansiamos por estarmos rodeados de baleias.
Em Revillagigedo chamam os golfinhos de “golfinhos diabólicos”. No início pensamos que era uma piada, mas viemos a descobrir que não era bem assim… Os guias contam que é imprescindível que estejamos atentos à nossa profundidade, porque eles páram à nossa frente e páram de abanar as barbatanas, deixando-se afundar na escuridão e nós, distraídos a tirar fotos e a interagir com eles, não nos damos conta que estamos a ir com eles. Quanto mais profundo vamos, mais oxigénio consumimos e podemos não ter o suficiente para voltar à superfície. Não sabemos porque é que se comportam desta forma, mas vimos muitos deles a comportarem-se assim. Numa espécie de “posar para a foto”, páram e parecem sorrir para a câmera. Pronto, já te hipnotizaram! Já entraste no mundo mágico dos golfinhos, que estão tão perto de ti que lhes consegues tocar. Nadam à tua volta, fazem pares, vão buscar as crias, piscam-te o olho… Estás apanhado na rede e olhas para o computador de mergulho e já estás mais fundo do que devias. Sobe!
Já os tubarões martelo não se dão a estes contactos. São tímidos e quando aparecem, desaparecem imediatamente com medo do grupo. Vemos a parede de tubarões ao longe, numa mancha única, saem da sua rota apenas uns metros para ver o que somos e no mesmo segundo deixamos de os ver. Quase não dá para tirar uma boa foto. Mas dá para perceber que são grandes e muitos. Nadam e caçam em grupo, mas isso acontece em todo o mundo, não só em Revillagigedo.
E de repente, começamos a ver uma sombra escura debaixo de nós, no fundo visível a cerca de 20 metros de distância. Tentamos focar o olhar, para perceber o que é e achamos que é uma baleia de tão grande que é. Mas vemos as riscas clássicas do tubarão tigre… É tão grande! Nunca se aproxima, nada sempre lá em baixo junto ao chão. E em 10 segundos, deixamos de o ver. Num momento fugaz, vemos uma das criaturas mais espantosas do oceano e o espanto é tal que nem tiramos uma foto. Embrenhados no sentimento de excitação, é a última coisa que nos passa pela cabeça.
Mais à frente vemos no azul escuro umas pintas brancas… no segundo que demoramos a entender a forma, vemos que é um tubarão baleia. Um grito estridente de 15 segundos sai dos meus pulmões, na tentativa de chamar a atenção do grupo todo para o gigante do mar. O tubarão baleia é lento (bem, é consideravelmente mais rápido que nós), é dócil e procura comida. De repente, vê-se cerca de 8 pessoas a nadar com todas as forças na direção dele. O consumo de ar começa a subir e o ponteiro a descer. Mas não interessa. O mergulho já está quase no fim e este é um momento único e tão raro que vale todo o ar consumido. Conseguimos nadar ao seu lado durante um bom tempo, com direito a fotos e vídeos! No fim, quando ele desce e desaparece, olhamos uns para os outros e todos festejam! É sem dúvida um momento super especial que poucos têm direito. Estamos em Revillagigedo!!
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