O estrondo da onda a rebentar na areia é audível a alguns quilómetros da costa. Parece que de repente saímos do México e nos teleportamos para um qualquer destino de surf na Ásia. Chegámos à vila de Punta Zicatela.
O ambiente é descontraído, a rua principal é ladeada por cabanas de madeira, telhado de colmo e pranchas de surf para alugar. Gringos surfistas deambulam vindos de todos os cantos do planeta, de pé descalço, peles morenas, cabelos lavados pela água salgada. É bem diferente da vizinha Zicatela (onde fica a famosa onda que pode chegar aos 20m), que tem um ambiente mais comercial com clubes maiores e uma linha da frente da praia que poderia ser perfeitamente em Portugal ou Espanha com prédios de apartamentos.
Em Punta Zicatela quando a onda cresce, apenas é possível surfar junto às rochas, numa esquerda que requer boa técnica, sobretudo para evitar as rochas e a razoável multidão de surfistas que tentam a sua sorte.
Não é de todo o melhor sítio para iniciados mas os locais dão aulas lá a troco de 30 dólares por 2 horas, alguns apanham sustos valentes quando caem da onda e se encontram no meio da espuma enrolada, faz parte. Para lá de umas negras e de umas canelas esfoladas, Punta Zicatela é um spot seguro e excelente local para todos os níveis de surf, talvez o melhor, em Puerto Escondido.
À noite abrem os bares e restaurantes. Há muita oferta e comida de qualidade. Há música e algumas festas, mas tudo acaba cedo porque às 6h é preciso começar a surfar com o nascer do sol. Quem quer sair até mais tarde tem que ir de táxi ou carro até Zicatela. Com grandes clubes também há mais riscos, com narcos e drogas a circular fluentemente e à vista de todos, sem qualquer pudor ou receio. A evitar.
Ao final do dia o longo areal fica cheio de gente sentada a desfrutar do por do sol de garrafa na mão enquanto os mais resistentes surfam as últimas ondas do dia num mar cristalino e já escuro, já bem depois dos últimos feixes de luz.
Passamos 6 dias num ciclo de surf, eat, sleep, repeat e que bem que estivemos.
A poucos quilómetros daqui, tartarugas recém-nascidas pedalam vigorosamente em relação ao mar. Ainda há 3 horas atrás estavam dentro do ovo e abriram pela primeira vez os olhos e já estão a lutar pela vida, está escrito no seu código genético.
Apenas uma em cada mil sobrevive a todos os predadores que as aguardam. É um jogo triste e injusto, uma forma violenta de iniciar a vida.
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