Um banho de cor tinge as paredes de Puebla. Em alto contraste com o céu azul, as “Catrinas” passeiam pelas ruas nos seus trajes elaborados. Caras pintadas, vestidos imponentes, sorrisos prontos e poses estudadas vagueiam pelas praças deste Pueblo Mágico pouco visitado. A cidade é bonita, elegante e pitoresca, pontuada por pequenos cafés, lojas e uma praça central com árvores e restaurantes a toda à volta.

Mas afinal, quem é a Catrina? Acredita-se que os Aztecas adoravam a deusa da morte por ser crença que ela protegia os seus entes queridos quando estes faleciam e por isso esta cultura está bastante enraizada na cultura deste povo. Mas a imagem da “Catrina”, que nós conhecemos hoje, surgiu no início do século XX criada pelo artista José Guadalupe Posada, um cartonista político controverso, mas amado por todos. José desenhou o primeiro esqueleto incorporado numa imagem feminina para lembrar que todos nós vamos ser esqueletos no fim de tudo.

A Catrina foi desenhada a usar um chapéu com penas porque os mexicanos aspiravam parecer ricos depois de morrerem, como os Europeus pareciam ser naquela altura. Posada arranjou uma maneira de mostrar que independentemente do dinheiro, da cor de pele, das posses, etc., todos íamos terminar iguais. Mais tarde, o marido da Frida Khalo imortalizou a Catrina num dos seus murais retratando diversas personalidades mexicanas.


Quando a noite cai, as Catrinas são substituídas pelas personagens mais famosas dos filmes de terror. Nada é deixado ao acaso. Desde a maquilhagem, as roupas, os acessórios, as expressões… Ninguém sai da sua personagem, nem para agradecer um elogio. Ao caminhar pela praça central, vemos todas as personagens assustadoras que nos possamos lembrar.

O Exorcista contorce-se na sua cama, soltando risadinhas loucas, enquanto rodopia imitando aa criança possuída. O Joker vagueia esquizofrénico soltando as gargalhadas de volume alto, típicas da personagem. A Freira encara-nos com olhares petrificadores e de vez em quando abre a boca como se estivesse a gritar em silêncio. Os Palhaços soltam risadas demoníacas enquanto nos assustam aproximando-se de repente. As crianças de olhares vazios passam por nós, quase em modo múmia. Os zombies mostram as suas vísceras e os seus bebés ensanguentados. Os vampiros tentam morder os nossos pescoços sem pedir autorização e as múmias arrastam partes dos seus corpos pelo chão enquanto o Eduardo Mãos de Tesoura corta cabelos aleatoriamente às pessoas que passam por ele.

Somos interpelados várias vezes para nos tirarem fotos em troca de alguns pesos. Recusamos os pesos mas aceitamos a sessão fotográfica. Queremos diversão! A Emily (Noiva Cadáver) e o Louis de Pointe du Lac (Entrevista com o Vampiro) fazem a sua pose mais dramática para impressionar quem está do outro lado da câmara. Começamos a perceber que o dinheiro que investem para se mascararem, é rapidamente restituído nestas noites onde muitos cobram para tirar fotos. Até as crianças têm este comportamento bem assimilado, pedindo dinheiro também. As mais desleixadas trocam facilmente o dinheiro por rebuçados e chocolates.

Foto atrás de foto vamos caminhando e improvisando enquanto nos divertimos a interagir com os nossos “colegas de trabalho”. Estamos todos aqui para criar momentos divertidos e algumas situações de susto, especialmente para as crianças que se recusam a aproximar-se de nós, agarrando-se mas saias das mães.

PS: Um especial agradecimento ao Hotel Andante que gentilmente nos cedeu os trajes que permitiu passarmos momentos inesquecíveis.
Mais algumas fotos de Puebla:

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