MERGULHO NOTURNO – CAIRNS, AUSTRÁLIA
Um salto no escuro. É tudo o que precisamos fazer, na primeira vez que fazemos um mergulho sem sol. Respirar fundo e apenas entrar. Saber que nada nos vai fazer mal e que nada mudou do dia para a noite. Os peixes são os mesmos, os corais são iguais. As regras mantém-se: não tocar em nada.

O que mudou foi a quantidade de luz, aquilo que de facto conseguimos ver, que só a lanterna que levamos ilumina. Um pequeno feixe de luz que levanta o pano escuro e nos mostra a beleza da vida marinha.

Mal a luz bate no coral, este ilumina-se e as cores ganham vida. Resplandecem perante os nossos olhos e hipnotizam. Toda a realidade marinha sofreu um ajuste. Os peixes estão escondidos, à espera de voltar a ver a luz do dia, sobreviver à escuridão é o principal objetivo. O peixe palhaço esconde-se atrás do muco que liberta pelo nariz para camuflar o seu cheiro dos predadores. A raia e a tartaruga escondem-se debaixo do coral, em buracos onde nunca imaginávamos que coubessem. O polvo contorce-se entre os corais, mudando a cor da sua pele.

E de repente, um torpedo. Sentimos a deslocação da água perto das nossas cabeças e o nosso cabelo move-se a esse ritmo. Nem temos tempo de compreender o que aconteceu. “O que era?” Foi demasiado rápido, mas agora estamos atentos. Vemos um grupo de bonitos (uma espécie de atum) pretos. Uma cor nada normal nos bonitos. Viemos a saber que durante a altura de lua cheia, eles tornam-se pretos para se camuflarem melhor dentro de água, para que a luz da lua não os denuncie. Normalmente são cinzentos e têm um aspeto lustroso, que iria certamente refletir a luminosidade da lua.

Ali perto andam tubarões de pontas brancas, prontos para atacar. Ambos andam extremamente perto de nós, de forma a usarem a luz das nossas lanternas para ver os peixes e comerem. Sem a nossa luz, têm a vida dificultada, por isso, andam colados a nós.

Regra? Apontar a luz para os peixes, mas deixar a luz no peixe apenas uns milésimos de segundos. Se a luz se prolongar num determinado sítio, esse sítio é imediatamente desfeito. É uma luta entre sermos nós a ver o peixe ou os predadores.

O mergulho depois do sol se pôr, é descobrir outro mundo. Um mundo cheio de surpresas, de aventuras, de adrenalina, de descobertas e de espanto. Gostavas de experimentar?

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