Saímos de Leça de malas às costas, com um sorriso nos lábios, ansiosos por deixar os problemas e o stress para trás.
Após uma LOOOOONGA viagem de 10 minutos de Uber, chegamos ao aeroporto. Entregamos as nossas duas malas de 28kgs as duas juntas (uma só com o equipamento de mergulho e outra com as nossas roupas, sapatos, artigos de toilete e acessórios) no check in e passamos para a terra de ninguém.
Depois de nos despedirmos de vocês e de darmos os últimos recados, embarcamos no voo da Turkish Airlines, com destino a Istambul. Ficamos imediatamente surpreendidos pela qualidade do avião, que para um voo de 4h30 até a televisão tivemos direito com uma oferta bastante diversificada, entre filmes, séries, jogos, música e programas informativos sobre o destino em questão (Istambul).
A comida a bordo foi muito agradável, podendo escolher entre 2 pratos, frango ou massa (escolhemos massa – um tipo de macarrão com cogumelos num molho branco), as chamadas soft drinks e vinhos e cervejas. Parecia que estávamos num voo de longo curso.
Vi o filme Hidden Figures, da atriz negra que ganhou o primeiro Óscar, e que recomendo vivamente, enquanto bebi limonada fresquinha que era quase tão boa como a da bimby! TOP!
Chegados a Istambul, fomos aconselhados a ficar no aeroporto, visto que só tínhamos 4h de escala. Vimos o jogo da final da liga dos campeões enquanto o Diogo petiscava uns raviolis turcos e bebia uma coca-cola. Eu preferi esperar por irmos para outro lado do aeroporto (food court) e comer qualquer coisa diferente – um chicken ticka massala com um nan GIGANTE que nem cabia na travessa!
Voltamos a embarcar num vôo da Turkish Airlines, desta vez rumo a Manila, que demorou 10h30. Tivemos direito a ficar numa fila ao lado da cozinha e casas de banho que é bastante mais espaçosa, que permitiu irmos com as pernas esticadas o voo todo. As casas de banho têm janelas para o exterior, que numa primeira abordagem deixa-nos um pouco desconfortáveis, até nos apercebermos que não está ninguém do lado de fora… nem passarinhos! Ah… tranquilo. Fazer xixi a ver as nuvens, não acontece todos os dias!!
Vi o filme/documentário sobre a historia do MacDonald. Aprendi bastante sobre como é que surgiu e como cresceu até ser o que é hoje. Aconselho!
Voltaram a dar-nos comidinha da boa, desta vez optei pelo frango com puré de batata e legumes salteados e a acompanhar mais limonada!
Dormimos 6h00 e deu para lutar contra o jet lag, apesar de nos sentirmos um pouco baralhados com as horas. Não sabemos bem se são horas de comer, dormir, nenhum ou ambos… em Istambul eram mais 2h, em Manila eram mais 7h e na Papua são mais 9h. E tudo piorou quando saímos de Istambul às 2h00 da manhã e chegamos às 18h00 a Manila, ou seja, saímos de noite, o dia passou por nós e aterramos outra vez de noite… num voo de 10h30. WHAT???
Quando aterramos em Manila, os meus tornozelos nem se viam. As minhas pernas pareciam uns troncos de tão inchada e de tanta acumulação de líquidos. Deitei-me lá nuns bancos e pus as pernas ao alto e passados 30 minutos fui a correr fazer xixi para esvaziar a bexiga de tanta água que tinha acumulada nas pernas!
Lá nos pusemos a caminho de Port Moresby, na Air Niugini (escreve-se como se lê – Air New Guinea) e chegados a POM (Port Moresby) fomos tomar um rico pequeno almoço de leite e muffin de banana e chocolate para mim e café com leite e mufgin de manga para o Diogo. De barriguinha cheia, passamos para as portas de embarque.
Ao embarcarmos com destino a Kimbe, o nosso primeiro destino destas férias, demo-nos conta que estamos um bocadinho ansiosos e excitados por chegar! Uma mistura de cansaço e curiosidade por saber como é este tão namorado e desejado destino. Lembro-me da primeira vez que falamos em vir aqui e já tinha esta viagem planeada há 4 anos. Folheamos a revista da avioneta e só dizemos “Quero ver isto!”, “Temos de ver aquilo!” O mar em Port Moresby já deixa escapar o quão maravilhoso deve ser o mundo sub aquático aqui, com as suas várias tonalidades, que contrastam com a selva verde que se lança contra o mar e o azul forte do céu.
Fizemos uma paragem em Lae antes de seguirmos viagem para Kimbe. Quando lá chegamos, nem queríamos acreditar… finalmente chegamos, após 38h de viagem.
O aeroporto era exatamente como nós esperávamos que fosse! De aeroporto pouco tem, apenas um pequeno edifício onde qualquer pessoa externa pode levantar a bagagem, com acesso direto à rua.
Lá fora já estava o nosso motorista na sua carrinha para nos levar ao Liamo Reef Resort. Com as expectativas demasiado altas, depois de 35 minutos de viagem, chegamos ao hotel. O problema destas ilhas paradisíacas do pacífico sul é que tudo é caro e tudo é muito fraco. Pagar 100€/noite/quarto neste fim de mundo é muito comum, mas equivale a um 2 estrelas europeu e poderia valer 25€/noite/quarto e ainda seria caro! As zonas comuns são pequenas e nós achamos que somos os únicos hospedes do hotel, que deve ter uns 100 quartos. Somos, pelo menos, os únicos europeus! O quarto é muito fraco, mas é limpo e confortável, por isso está ótimo!
Fomos almoçar e a comida surpreendeu-nos bastante pela positiva. Comemos um caril de frango mais picante do que qualquer comida que comi na Índia! Bebi 1l de água só durante a refeição…
A praia do hotel tem areia preta e é super pequenina, com um pontão (deve ser para noites românticas a dois!) E com vista para os vulcões que nos rodeiam. É lindo!
Perguntamos como podíamos fazer para marcar os nossos mergulhos e explicaram-nos que aqui em Kimbe só existe uma escola de mergulho e em toda a ilha de Nova Bretanha só existem duas! Uma aqui em Kimbe e outra em Rabaul, o nosso próximo destino.
Lá tratamos de ligar para o hotel Walindi, onde a escola está sediada e marcamos 2 mergulhos para amanhã.
Perguntamos também na receção se era seguro ir até à vila de Kimbe e disseram-nos que sim. No entanto, à porta, o segurança disse que era melhor não arriscar.
Como não havia nada para fazer, fomos dormir e recuperar forças, com a promessa de pormos o despertador para daí a 2h. Assim foi! O único problema é que não funcionou! Acabamos por nem acordar com o despertador e dormimos 4h seguidas. E que bem que nos soube!! Acordamos ainda mais baralhados do que quando nos deitamos. Eu nem sabia onde estava e demorei mais de 20 segundos a entender o que se estava a passar. “Quem sou eu?”… Quase!
Levantamo-nos, pesados que nem chumbo, e fomos jantar. Bem, tenho a dizer que babei quando vi as lulas grelhadas com molho de feijão preto a ser posto à minha frente! E o sabor ultrapassou qualquer expectativa que eu tinha! Estava uma delícia…
Depois de terminarmos o jantar, enquanto falávamos convosco, fomos para o quarto e, sem qualquer aviso, veio o sono e caímos para o lado até hoje de manhã!
Após 4h de sono durante a tarde + 7h de sono durante a noite, acordamos hoje de manhã frescos que nem duas alfaces! Prontíssimos para começar o primeiro dia de férias e para conhecer o mundo subaquático daqui da região. Segundo lemos, este é um dos melhores sítios para mergulhar, por isso as expectativas vão lá em cima! Normalmente não é bom presságio…
Tomamos o pequeno almoço continental, depois de percebermos a muito custo que era o único a que tínhamos direito e depois da empregada nos ter dito que podíamos comer o que quiséssemos porque estava incluído no preço do quarto. Eu achei estranho e refiz a pergunta de outra forma e aí ela “Oh… no! Only continental.” “But can we eat everything we want?” Insistiu o Diogo. Podemos, mas pagamos! AHHHH!!! LOL! Parece que o inglês não é assim tão bom…
Comemos rápido e fomos para o Walindi. Esperava por nós um dos “melhores sítios para mergulhar do mundo”. Siga caminho que já vai tarde! Com água a 31 graus a 35 metros de profundidade, não posso reclamar… mas a verdade é que estava à espera de melhor. Vimos barracudas, atuns, um tubarão cinzento e corais muito bonitos de várias formas, cores e tamanhos. Mas eu estava à espera de ver mais tubarões e animais pequenos como cavalos marinhos. Nada!
Gostei mais do segundo mergulho do que o primeiro. Vimos uma anémona branca com peixes palhaços, os tão famosos Nemos, que é super rara e mesmo muito bonita! O branco contrasta com o laranja dos Nemos e parece quase fluorescente!
Os corais são de facto maravilhosos, mas eu queria ver coisas pequenas como camarões, chocos, polvos e caranguejos. O tipo de mergulho conhecido como “Macro Dive”.
Fomos almoçar a uma praia deserta, numa ilhota perdida no meio da baía, onde a água estava seguramente a mais de 35 graus. Uma sopa! Parecia um hot spring! “Ok! Eu fico aqui a viver para sempre!!! Aqui! Neste sítio exato!” Mas depois lembrei-me dos mosquitos… nem pensar! Demos pão e frango a comer aos peixes e eu fiz um vídeo que me parece que ficou brutal!
Voltamos para Walindi e para o nosso hotel, para a piscina.
Kimbe está a revelar-se num destino muito mais recôndito do que nós esperávamos… somos os únicos hóspedes no hotel e parece-me que brancos, só nós e mais 2 ou 3 pessoas na vila inteira! O que por um lado é excelente quando mergulhamos, porque somos os únicos dentro de água, por outro lado, é um pouco aborrecido quando voltamos ao hotel no fim do mergulho. Acabamos por ir para o quarto dormir a tarde toda e a noite toda. Até porque de tarde aqui é quando vocês estão a dormir… ou seja, dormimos de tarde e dormimos à noite, com o jantar às 20h00. É uma animação só!
Sabem aquela sensação quando estão a temperar a água do banho e regulam mal a água quente e quando entram está ligeiramente mais quente do que vocês estavam à espera, mas que ainda não escalda? Aquele “arrepio quente” que dá? Pois bem, é o que nós temos aqui quando metemos o pezinho no mar! Passo a explicar… Quando estamos em mar alto, à superfície está 30 graus.
A 30 metros de profundidade está entre os 29 e os 31 graus. E na praia, no rebentar das ondas (de 1cm de altura!!) temos temperaturas de 36 graus! Uma sopa boa! Aqui vou ser feliz, diz o meu cérebro! Nunca estivemos em águas tão quentes quanto estas. O Diogo tirou uma foto a 20.9 metros e vê-se 30 graus lá escrito! Inacreditável! Mergulhar sem fato aqui é um must do!
Escusado será dizer que os “papuenses” mergulham de fato com perna inteira e manga comprida, carapuça e botas! Que figurão!!! Eu até suava! Não há nada como mergulhar sem fato, livre de movimentos e leve como uma pena. A única desvantagem é o plâncton que anda na água e que teima em picar nas nossas pernas e braços quando passa por nós.
Hoje o mergulho foi bem melhor e até nadamos com golfinhos – a minha parte preferida do dia! Vimos muitos Nemos (peixes palhaço) e alguns deles são bastante territoriais, porque quando me aproximo, enchem-se de coragem e vêm morder-me o nariz! Uns valentes do tamanho do meu polegar! Primeiro começam a ameaçar, batendo com os maxilares na minha direção, chega a ser cómico, e depois lá ganham lanço e muito rápido vêm morder-me o nariz! Vou tentar fazer um vídeo disso.
Hoje vimos 5 tubarões a caçar logo no início do mergulho! Brutal! Vimos também um “mantis shrimp” (não sei o nome em português) que é super raro.
Uma das mais bonitas vistas aqui são as anémonas de cor amarelo limão super forte (quase fluorescente) e as brancas com reflexos violeta e azul. São raras e são tão bonitas que quase nos hipnotizam.
Tenho a dizer que a melhor comida daqui são as bananas e as mangas! As mangas são maravilhosas e as bananas são como as da madeira! Encho-me de bananas ao pequeno almoço. No mergulho vamos sempre almoçar a uma pequena ilha deserta e eles levam manga já partida e descascada… hmmmm!!! Que delicia!!
Hoje chegou um grupo de turistas para uma convenção que já compôs o hotel. Agora já somos umas 15 pessoas.
Amanhã já partimos para Rabaul para explorar mais uma vila da ilha de Nova Bretanha. Em Rabaul vamos fazer mergulho e ver vulcões. A ver se temos mais animação. O hotel não tem internet, o que não é um bom presságio, e não nos parece que hajam restaurantes, bares ou hotéis perto onde se possa aceder à internet. Espera-nos a casa que alugamos ao airbnb em Kavieng.
O ultimo dia em Kimbe! Dia de dormir até mais tarde (acabamos por acordar às 5h00 da matina!), tomar um bom e longo pequeno almoço, tirar fotos, fazer as malas, pagar contas e dizer adeus.
Apanhamos o táxi para o aeroporto e chegamos ao “grande aeroporto” de Hoskins! A segurança é mínima ou quase inexistente! À entrada perguntaram-nos se tínhamos alguma coisa inflamável, bastou dizer que não… top security! Sem qualquer detetor de metais ou de revista. Bastou dizer: não temos nada! Podem seguir… Entregamos as malas e passamos para a porta de embarque onde qualquer pessoa pode entrar para se despedir do familiar que vai viajar.
O avião lá aterrou (com 1h de atraso) e lá fomos nós, rumo a Rabaul. Vimos os vulcões de cima e a vista é linda! Filmamos e tiramos fotos.
A viagem do aeroporto até ao hotel parecia que ia ser longa, mas o fulano que nos veio buscar garantiu 30 minutos… hmmm…. duvido! Passados 55 minutos vimos o Hotel Rabaul. Velho e aparentemente sujo, vira as costas aos 5 vulcões. A dona é australiana e tentou “roubar-nos” dinheiro por 4 vezes com a conta do quarto… “no worries, mate!” A nossa conta era de 450K e ela pediu 1.200K, a seguir 660K e lá “fez as contas” para chegar ao valor certo, para nos entregar um quarto que não era o nosso. Valha-me Deus!
Troca do quarto 207 para o 410. Leva malas, traz malas… para vermos que não era o 410 mas sim o 310. Num edifício completamente diferente, porque aqueles eram luxury rooms e teria de nos cobrar mais! Fina!! Leva malas, traz malas… para ver se desistimos… e lá vamos nós de novo! Mas até correu bem porque o quarto basic era bem melhor do que o luxury… imagine that!
O Diogo fez amizade com um filipino de Manila que trabalha num navio, onde estava há 7 meses, e que falava tão alto que ficamos os 2 com dores de cabeça! Fiquei com a ideia que ele deve ter fumado alguma coisa de tão acelerado que ele estava.
Marcamos os nossos mergulhos, a ida ao vulcão, jantamos e fomos dormir às 21h00! Uma animação só!!