Erbil

Julho 2021

À medida que vamos subindo o país, em direção a norte, o calor vai vagarosamente descendo. Olho pela janela. Planícies douradas, pontuadas por algum verde e por algumas casas, a que chamam aldeias. O céu está azul forte, sem nuvens. São raras por aqui.

À entrada do Curdistão, mais um check point. Desta vez o Ronaldo não nos dá free pass, mas rouba um esgar de sorriso ao militar que analisa os nossos passaportes. Olha para nós e pede para encostar. Volta a analisar e a reanalisar o passaporte. Não parece querer deixar entrar. Vai abanando a cabeça negativamente. “Vamos ficar na fronteira…”

Passados vários minutos, abana a cabeça, entrega o passaportes e dispara umas frases em curdo. Não sabemos o que aquilo quer dizer… O negativo paira no ar, mas já aprendemos que o negar com a cabeça pode significar um sim. O Abdul reage, agradece e arranca com o carro. “Bem-vindos ao Curdistão!” Celebramos com uma música tradicional e dançamos dentro do carro.

Erbil é uma cidade super desenvolvida. Arranha céus, grandes avenidas, lojas caras, bons restaurantes, bons carros… Chegamos a um país diferente. Não há lixo, as construções estão de pé, não há marcas de balas nas fachadas, não vemos os amontoados de fios elétricos a passar de casa para casa, o branco é a cor predominante (em vez do cinza do cimento por acabar).

Na praça central provamos o sumo de uva, as pessoas estão sentadas a conversar com as suas famílias e amigos, tiram fotos descontraídas. Quase passamos despercebidos. Estão absorvidos pela sua vida, apenas, porque é impossível nos confundirem com eles.

Percorremos os corredores do bazar, provamos doces, compramos souvenirs, vimos as lojas douradas de tanto ouro. Tecidos, perfumes, ouro, prata, doces, notas do Sadam, flores, imanes… vende-se tudo aqui. 

Visitamos a cidadela, a cidade antiga de Erbil e toda a gente quer tirar fotos connosco, fazer conversa e param-nos a toda a hora para falar connosco. Perguntam-nos de onde somos, o que fazemos ali, se somos casados… As perguntas são feitas ao Diogo porque ficam constrangidos de se dirigirem a uma mulher e isso causa em mim alguma confusão.

Fico sem saber se é por serem tímidos ou por acharem que sou inferior. Pergunto isso ao nosso guia e ele diz que é por não estarem habituados a falarem com mulheres e num ápice encara o rapaz que está a fazer perguntas ao Diogo e diz-lhe que eu acho que ele me está a ignorar. Que vergonha!

Ele fica vermelho como um tomate e pede imensa desculpa. Acabamos a tirar uma foto juntos, a imprimir e eu a dar-lhe a foto que ele guarda na parte de trás do telemóvel.

Fomos jantar e a seguir fomos jogar Rummikub a um bar com os amigos do nosso guia, o momento alto do dia. Enquanto fumávamos chicha, fomos dando gargalhadas, ganhando e perdendo jogos e suando em bica quando a eletricidade foi abaixo, com as baratas a passar por baixo dos nossos pés.

O Iraque vai ficar para sempre no nosso coração como uma experiência única e nunca nos esqueceremos das pessoas que conhecemos neste país de pessoas generosas e dóceis.

Obrigada Iraque!

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