
Fomos recebidos em Delhi com uma percentagem de poluição que há muito tempo não se via em Delhi. Disse-nos um indiano que estavam com 210% de poluição… de 0 a 100, como qualquer percentagem! A poluição é tal, que os olhos ardem tanto que só fechados é que se aguenta. A garganta arranha e temos uma tosse de cão! Vêem-se imensos turistas com máscaras na cara…
Quando saímos do aeroporto, o Shivram já estava à nossa espera com uma amiga, com cara de chinesa (os pais são chineses, mas ela nasceu cá) e ela contou que quando era pequena lhe chamavam “chaomein”, o prato de massa típico chinês. Fomos de Uber até ao hotel, que fica na Main Bazar, uma das ruas mais movimentadas e barulhentas da cidade. Aqui todas as portas são lojas que vendem tudo…
As ruas são sujas e num passo cheira a caril, no seguinte, a xixi! Ou pior… Todos os carros, bicicletas, riquexós, motas e tuk-tuk apitam para que as pessoas saibam que vão passar. Qualquer buraco entre pessoas e qualquer veículo dá para eles passarem e eu fico parva como é que eles não batem em ninguém. Chega a ser ensurdecedor e por vezes, apitam durante 5 segundos seguidos. Parecem chateados, mas não. Ninguém reclama, nem se chateia.

A temperatura está excelente! Só 28 graus, o que facilita imenso suportar a sujidade e a sensação desagradável de estarmos sujos. Eles disseram que a temperatura chega aos 48 graus e eu nem quero imaginar como seria com essa temperatura… Disseram-nos que esta é a melhor altura para vir cá, por esse motivo. Ficamos felizes de termos acertado.
Quando entramos na rua, fiquei preocupada com a qualidade do hotel… mas quando lá chegamos vimos que não havia motivos para preocupação. Muito limpo, arejado, cheirava bem e o quarto, apesar de não ter janelas (o que não é mau de todo, devido ao barulho que vem da rua) é muito bom! Pelo menos para este standard.

Saímos com o Shivram do hotel e começamos a explorar o Main Bazar! Lojas, lojas e mais lojas e mais lojas, todos os monhés a quererem vender as coisas deles e eu ainda meia baralhada com tanto barulho. Fomos trocar euros para rupias e seguimos para o templo dourado.
Lá o Shivram disse que tínhamos de entrar descalços e com um lenço na cabeça (duvidei logo do lenço, graças à partida que me pregaram no Dubai) e fiquei um bocadinho receosa de andar descalça… mas lá deixei as sapatilhas, as meias, enchi-me de coragem e lá fui eu: descalça! Pezinho no chão, aparentemente limpo, a olhar para onde ia pôr os pés para não me arrepender mais tarde.

À entrada do templo, temos de passar os pés por água para os “limpar” antes de entrar no sagrado templo dourado. Limpar… pois! Lá pus o lenço na cabeça, confirmando que toda a gente o usava e entramos no templo. Por fora é todo branco, em mármore e por dentro, todo dourado. Ouvem-se uns cânticos a chamar para rezar, fabulosos, quase mágicos. À saída tiramos umas fotos e sentamo-nos para apreciar o que nos rodeava.
Há pessoas que tomam banho numa espécie de lago pequeníssimo (quase uma piscina enorme) antes de entrar no templo. Que nojo! À saída o Shivram contou que as pessoas mais religiosas, acreditam que a água onde toda a gente que entra no templo lava os pés, é sagrada e então bebem-na para se purificarem…

Saímos e fomos de riquexó, de graça até ao metro. À saída do templo existem uns riquexós gratuitos para transportar as pessoas para onde quiserem. Temos de esperar, mas se é de graça, esperamos sim senhor! O metro não é tão sujo como eu estava à espera que fosse. Tem imensa gente, é verdade, mas aguenta-se bem.

Chegamos a Old Delhi e começamos a caminhar até ao Red Fort. Vimos na rua pessoas a dormir no chão, no meio da terra e entristece-me pensar que a vida deles é tão má… mas eles parecem não se importar. Não conhecem melhor. A poluição a esta hora sente-se mais e a garganta já não se aguenta. Quando chegamos ao forte, quase não se conseguia ver o forte por inteiro, tal era o fumo no ar. Decidimos não entrar lá dentro e ficamos cá fora a tirar umas fotos. Não vi quase papagaios nenhuns, mas muitos abutres a rondar. Apanhamos um Uber e fomos até à casa de um amigo do Shivram, para jantarmos lá.
O jantar ainda demorou, mas estivemos a conversar imenso e ele mostraram-se muito interessados nos nossos mergulhos, principalmente quando dissemos que mergulhávamos com tubarões. Estavam super curiosos nos nossos encontros com os grandes peixes do oceano. Quando lhes falamos da Coreia do Norte, ficaram extasiados e encheram-nos de perguntas. São pessoas super cultas e com conversas interessantíssimas! Apesar de muitos deles nunca terem saído da India, sabiam muito sobre o mundo. O jantar foi muito agradável e estava delhi…cious!!!

Saímos do hotel e fomos explorar os caminhos desconhecidos daqui da zona. Metemo-nos por ruas e ruelas apertadas e cheias de lixo, bancadas com frutas e legumes, peixes e especiarias. Uma maravilha! A cada passo que dávamos podíamos tirar fotos dignas de um prémio do National Geographic!! Temos imensas fotos fantásticas e foram muitos os momentos inesperados.
Vimos vacas, as pessoas metem conversa connosco (já percebemos que é o início de uma possível venda de qualquer artigo e começa por “where do you come from?” e já nem lhes respondemos), toda a gente nos cumprimenta com um “Namaste!” e vimos também mulheres nas obras de rua.

Descobrimos a pólvora quando, ao tentarmos decidir onde íamos almoçar, nos lembrámos de pesquisar no Zomato (uma aplicação que salva as vidas de estrangeiros aqui na Índia que não conhecem nenhum restaurante no sítio onde estão)! Encontrámos logo uma série deles e depois de fazermos um filtro pelos preços, decidimos ir ao mais caro da zona – o PIALI! Lá encontrámos um riquexó e fizemos-nos à estrada.
Quando chegámos lá ainda não tínhamos fome e fomos explorar a zona da grande rotunda em Central Delhi. Vimos lojas dignas de estarem em qualquer cidade europeia e ainda entrámos numa que vendia fatos de dois corpos e tinha gravatas brutais. Caríssimas para a Índia!

Voltamos para o restaurante e pedimos os pratos mais maravilhosos e com menos picante do menu (o que é impossível na Índia!) e uma entrada top! Galinha marinhada em laranja com um molho doce de maravilhoso! Eu depois comi galinha com caril indonésio que vinha com um caril espesso e cremoso (nada aguado como o Diogo me diz que costumava ser aqui) e com batata doce e arroz basmati. Babei! O Diogo pediu porco com caril vermelho que vinha com o tradicional nan (pão indiano) e estava muito bom.
Fomos para o hotel para nos encontrarmos com o Shivram e fomos até ao bar num rooftop do hotel onde o Diogo tinha ficado com os macacos quando eles vieram cá. O Diogo ainda esteve a falar com o senhor da receção e tiramos uma foto ao computador onde o Diogo costumava falar comigo na net.

O Shivram arranjou-nos um riquexó para nos levar ao mercado das especiarias e a meio do caminho para lá, começamos a notar que o fulano não era muito normal. Falava sozinho, gesticulava e pareceu-nos que ele era esquizofrénico… De repente, chegamos a uma zona com muito transito e ele parou o riquexó e disse que para nos levar dali para a frente tínhamos de lhe dar o dobro do dinheiro que tínhamos combinado. É que nem pensar!!
Saímos do riquexó, demos-lhe 50 rupias, porque o combinado eram 100 e ele não nos tinha levado nem sequer até meio do caminho e ele começou a reclamar, a dizer que era pouco dinheiro e que assim não queria nenhum. COMO???? Então é pouco e tu dizes que nem 50 queres?? Passei-me! Virei costas e comecei a andar e disse ao Diogo para fazer o mesmo. Ele arranca no riquexó, dá meia volta e começa a dirigir-se para onde veio.
Nós, sem saber onde estávamos, ficamos um pouco perdidos, sem saber muito bem o que fazer. Eu lembrei-me que tinha feito o upload do mapa de Delhi e peguei no telemóvel para ver onde estávamos e como vamos chegar até ao mercado. O mapa lá apareceu e depois de encontrarmos o nosso caminho, de repente, aparece outra vez ao nosso lado o fulano e começa a dizer que “Portugal, fuck!” a reclamar e a mandar vir connosco. Nós ignorámos e seguimos caminho. Ele lá arrancava e passados uns minutos, voltava de novo para nos insultar. O Diogo ainda lhe perguntou o que ele queria e ele sai do carro para reclamar e eu só disse para o ignorarmos e seguir caminho. Eventualmente ele lá desistiu e nós encontramos outro riquexó que nos trouxe de volta ao Main Bazar. Aqui fomos para um rooftop onde bebemos uma coca-cola e sprite para relaxarmos um bocado com o stress do outro imbecil maluco!

Então, o Shivram disse-nos que não tinha conseguido arranjar o carro que nos ia levar de Delhi até Agra (eram 20h) e nós tivemos de nos arranjar sozinhos, a essa hora da noite, quando tudo já estava fechado ou a fechar. Mas conseguimos arranjar um carro com motorista que nos vai fazer o seguinte percurso connosco: Delhi – Matura – Agra – Jaipur – Pushkar – Jodhpur – Udaipur. Vão ser 4 dias de carro a visitar estas cidades do Rajastão. Não foi o melhor negócio deste mundo, mas valeu o nosso esforço de 2h30 para arranjar este esquema.
Fomos jantar ao mesmo sítio do almoço, porque já eram quase 23h00 e já estava tudo a fechar e como tínhamos gostado tanto, optámos por ir ao mesmo. Bebemos 1 cocktail cada um e relaxamos um bocado. Amanhã é dia de iniciarmos a nossa road trip até ao Rajastão.
