Bali recebeu-nos com uma vibe de surf, bem-estar, boa comida e paisagens maravilhosas!
Para variar, o Uber nestes sítios é uma dor de cabeça. Existe mas funciona muitíssimo mal… o lugar de recolha é difícil de encontrar, longe do sítio onde estamos, a app diz que o parque está incluído no valor, mas depois eles cobram porque afinal não estava (dizem eles)… depois, durante a viagem, queixam-se que ganham pouco, que o trabalho é precário e coisa e tal. Visto pela primeira vez, até pode parecer injusto da nossa parte e insensível, mas é um discurso estudado e meticuloso e dito por pessoas que não têm aspecto de passar dificuldades. Cai mal e é pouco apreciado.

Depois de uma viagem cansativa de uber até Canggu (e de termos dado uma boa gorjeta ao motorista), chegamos ao nosso hotel, cansados e ansiosos por um bom prato de comida balinesa. O hotel Aston é muito perto da praia (50 metros) e mesmo ao lado do “Oldmans”, um restaurante/bar/discoteca bastante conhecido pelos ocidentais, que vêm para cá à procura de boa música, miúdas giras e um ambiente relaxado associado ao surf. As loiras aqui são predominantes, mas de vez em quando lá aparece uma morena meia polinésica que as mete a todas num bolso.
Bali é extremamente virada para o turismo, o que inicialmente (antes de virmos) nos desagradava, mas estando cá, vemos que é um bom turismo. Nada de pessoas histéricas, bêbedas e claramente à procura de engate fácil (ou drogas), como vemos por exemplo na Tailândia. Aqui encontramos surfistas atrás das melhores ondas e praias, pais com filhos que procuram o sossego que os filhos não lhes dão, pessoas à procura da vibe espiritual (mais para o lado de Ubud), os campos de arroz e os souvenires típicos a isso associados e nós: o típico viajante de chinelo no dedo e mochila às costas que procura boa praia, boa comida, boas fotos, recantos por descobrir e histórias para contar! Não é bem turista que se vê por cá, mas sim viajantes.

O nosso primeiro dia inteiro em Bali foi muito tranquilo, com o Diogo a ir surfar logo de manhã e eu na piscina virada para o mar a adiantar trabalho com o computador no colo. Fomos almoçar ao Oldmans (mantive-me na dieta – salada e peixe cru) e à tarde fui tentar surfar. Sim, tentar! Porque a única coisa que aconteceu foi a Fi a levar coça e a beber litros de água, sem conseguir sair da zona de rebentação! As ondas já são muito fortes para mim e arrependo-me de não ter tentado em Waikiki Beach em Honolulu, onde não havia corrente, tinha quase sempre pé e as ondas eram minúsculas!
Obviamente desisti e saí, com a garganta a arranhada pelo sal do mar, cheia de areia nas “partes baixas” e toda desgrenhada! Uma visão!! A areia estava tão quente que queimei as palmas dos pés todas ao correr até à escola de surf para entregar a camisola. Tive de passar o areal todo e fazer uma estrada em alcatrão… quando cheguei ao hotel tinha os pés num oito! Fui ao quarto e pus os pés em água no máximo da água fria (que aqui é morna) e deixei-me ficar uns bons 15 minutos.
Peguei no computador e fui para a piscina trabalhar mais um bocado, “arrefecida” pela água morna da piscina.
Pouco depois chegou o Diogo, estafado de surfar, já queimado pelo sol e deliciamo-nos juntos na piscina, a observar as ondas e os surfistas, com as histórias das boas ondas que o Diogo feliz apanhou.
Com o plano de ir a Uluwatu delineado, fomos alugar a scooter e fizemo-nos à estrada. Com a mota conseguíamos fugir um pouco ao trânsito, mas eram tantas motas e carros que por vezes era impossível escapar. Em vez dos 40 minutos que dizia no maps me (quem é viajante e ainda não instalou, shame on you! É uma excelente app para gps offline com restaurantes, lojas, hoteis e atrações sempre disponíveis.) demoramos cerca de 1h30. O trânsito é um dos principais problemas desta ilha. Faz com que a mais pequena viagem demore uma eternidade!
Chegámos a Uluwatu mesmo a tempo de ver o pôr do sol no topo de uma colina onde construíram hotéis e vários bares, sendo o mais conhecido o Single Fin onde passa a música da moda (da boa!), vemos gente gira cheia de estilo, temos piscina e um sunset inesquecível. Estando no topo da escarpa, vemos um mar que parece não ter fim e os surfistas todos lá em baixo a fazer fila para apanharem ondas, cada um na sua vez, às vezes dois e três, visto que as ondas são compridas.
Jantei uma saladinha muito boa (estou forte na dieta!) e o Diogo uma pizza com ananás e fiambre (a nossa preferida), que também estava muito boa. Bebemos um mojito cada um e voltámos para Canggu!
Em Bali nota-se uma evidente preocupação com o aspeto das coisas, com o design e com construções bem feitas. As lojas são muito cuidadas, com ar europeias, muito limpas e arrumadas, cheias de design e com ambientes que parecem tirados do pinterest! Os restaurantes igual! As comidas são muito bem confeccionadas e a apresentação é fantástica!
Quando chegámos a Canggu, eu estava esganada de fome e fomos ao Oldmans comer uns calamares com limão… lá se foi a dieta! Bebemos outro mojito e um daiquiri de limão (enquanto assistimos ao pessoal a dançar e a festejar) e fomos dormir.Os planos do dia seguinte (o último em Bali) era ir até Ubud e explorar o interior da ilha, com os seus arrozais, templos, cascatas e vulcões extintos.A viagem até Ubud é muito linda e as paisagens mudam mal se sai da beira da praia. Aqui as construções são mais simples e baixas e onde não há casas, há plantação de arroz! As estradas cobrem-se com vegetação e o ambiente muda de novo. Ubud é calmo e tranquilo, transpirando espiritualidade por todos os poros. Em todas as esquinas há templos, monumentos, estátuas e tudo é verde! Parámos para esticar as pernas (e descansar o cóccix!) depois de 2h de mota. O Diogo pediu um banana lassi (que mais tarde lhe causou uma gastroenterite) e eu tirei fotos. Destrocámos dinheiro e fomos para o nosso primeiro templo, Desa Temple, um templo hindu com um pequeno lago cheio de nenúfares. No caminho, sem sabermos, entrámos numa rua que pelos vistos era só de um sentido e tivemos de dar um “contributo” (chamemos-lhe assim) ao polícia chefe que estava encarregado daquela esquadra. 13€ foi o que ele pediu e o que nós deixámos, obedecendo à autoridade!
Depois fomos ao Gunung Lebah Temple, onde não pudemos entrar por não termos as vestimentas certas. Fizemos um pequeno trilho e vimos umas cabanas super giras ao longo do rio.Encaminhamo-nos para a Monkey Forest. À entrada comprámos 4 bananas para darmos aos macacos. Lemos que podíamos dar as bananas mas que ao dar nunca devíamos recuar e tirar. Se estamos a oferecer, temos de dar. Ok, pensámos nós! Fácil!
Dei 10 passos e pensei “deixa-me esconder as bananas porque senão vão aparecer imensos macacos e eu não vou conseguir lidar com todos” e assim fiz, usei o mapa que tinha pegado na entrada e tapei as bananas. Ao mesmo tempo que faço este gesto, uma macaca com um macaco bebé na barriga aparece, anda na minha direção e eu pensei “merda… já viu as bananas”, mas nem tive tempo de pegar numa e dar-lhe… num milésimo de segundo, trepou pelo meu macacão acima, de barriga contra a minha barriga, de frente para mim, a tentar chegar às bananas, que eu por impulso, afastei esticando o braço na direção oposta da dela.
Para proteger a minha cara, com medo que ela me atacasse aí, pus o braço e a mão entre a minha cara e a dela e ela, presumo eu, deve ter entendido como um ataque e abocanha a minha mão. Tudo isto acontece em menos de 3 segundos e o Diogo sem saber o que fazer, só tentava tirá-la de cima de mim, mostrando-lhe uma casca de banana que estava no chão. Nem quando deixei cair as bananas ela saiu.
Só quando o Diogo atirou a casca noutra direção é que ela me largou… Ainda nem tínhamos entrado no parque! O problema que nos assombrou foi a raiva… eu não tinha tomado a vacina contra a raiva e até irmos a um posto médico e nos terem dito que não havia raiva em Bali, confesso que o pânico se instalou.
No momento da mordidela, eu não lhe dei a devida importância (talvez por estar habituada que a Mafalda me morda na brincadeira) e nem doeu, mas quando ela me largou e eu vi a minha mão aberta, com sangue, a carne toda amassada e a começar a ficar roxa, o coração disparou e eu comecei a tremer. Foi aí que eu disse ao Diogo que ela me tinha mordido e o Diogo se lembrou da raiva. Fiquei pior e não conseguia parar de tremer. Raiva pode ser fatal e o pior cenário instalou-se e fiz o pior filme na minha cabeça.
Para ir ao posto médico tinha de passar pelo pátio central da floresta, onde havia imensos macacos. Eu estava super assustada e de cada vez que um se aproximava o meu coração parava e eu gelava. O Diogo guardou tudo o que tínhamos nas mãos, nos bolsos para que eles vissem que não tínhamos comida (os macacos olhavam fixamente para as mãos de todos à procura de bananas). No posto médico, disseram que não há raiva na Indonésia e disseram-me para lavar ali a ferida com sabão antibacteriano durante 10 minutos, puseram betadine e um penso e pronto, mandaram-nos à nossa vida. Agora sim, doía a sério!
A ferida estava feia e eu assustava-me a cada passo. Ficamos um pouco no tal pátio central, para eu me acalmar e o Diogo disse que era melhor ir embora, mas eu queria ver a floresta, os templos e os macacos! Não me ia dar por vencida e não ia deixar que o medo se instalasse. Nunca tive medo de animais e se virasse costas acho que nunca mais me aproximava de um macaco… por isso, ficamos ali no pátio cerca de 15 minutos, comigo no início quase a trepar pelo Diogo acima sempre que um passava por perto, mas aos poucos fui “estudando” os movimentos e comportamentos deles e avançamos para o primeiro templo.
Bem… só macacos por todo o lado!!! Eles saltavam pelo nosso meio, corriam, mexiam nas malas e bolsas das pessoas, davam aqueles “gritos” típicos de primatas… foi tratamento de choque!Para continuar tinha de passar por um caminho estreito com macacos dos 2 lados e, cheia de coragem (mas com todos os músculos a tremer), lá avancei. Chegámos a outro pátio, onde estava uma estrangeira sentada num banco, num grupo com um guia, com um macaco sentado no colo dela. Foi aqui que soube que estava curada do meu medo, quando pensei “Oh! Também quero!” E queria mesmo, mas com um guia! Sozinha nem pensar.
Voltámos ao pátio central e falámos com um “ranger” do parque, contei o que se tinha passado e mostrei a minha mazela e ele disse que eu tinha tido azar. Disse para não nos preocuparmos com a raiva, que não existia e que faziam diversos testes aos macacos à procura de doenças e se encontrassem teriam de fechar. Eles próprios não tomavam vacinas e ficámos bem mais sossegados. Ele disse para nós nos sentarmos e chamou um dos macacos. Mostrou-lhe milho e fez-lhe sinal para subir para o meu colo. Ele sem vergonha nenhuma, sobe para o meu ombro e começa a catar piolhos do meu cabelo! Ele deu-lhe o milho (o Diogo filmou tudo!) e fez sinal para ele passar para o ombro do Diogo. Foi super giro e melhorou a nossa experiência com estes primatas!
Saímos do parque felizes, apesar de achar que a minha mão ia apodrecer e cair, e fomos almoçar ao Naughty Nuris, onde comemos uma sopa, frango grelhado e costela grelhada (voltámos à dieta!). Muito bom! Recomendo!!Quando estávamos a almoçar, começou a chover e fizemo-nos à estrada para ir ver os arrozais. A meio caminho, a chuva era tanta que compramos uns impermeáveis plásticos. Mesmo assim, a chuva caía tão pesada que tivemos de parar. Os capacetes não tinham visor e nem conseguíamos abrir os olhos…Quando lá chegámos, apesar de não estar sol, a chuva ser quase escassa e a vista era maravilhosa!
Arroz, arroz e mais arroz! Tudo verde e muito húmido! Claro que onde há turistas, há lojinhas de vendas de souvenires… montes delas! Feira instalada! Muitos cafés virados para a colina e imensos carros e motas estacionadas.De repente, já no caminho de volta, começa a chover. Bem… parecia o dilúvio! Eram 15h30, o gps dizia que demorávamos 30 minutos (podíamos contar com 1h com transito normal), mas já sabíamos que a chover ia ser uma desgraça. O problema é que tínhamos de estar no hotel a entregar a mota daí a 30 minutos e nunca mais nos lembrámos de olhar para o relógio! Passámos de um estado de relaxe total para um stress terrível, com um trânsito infernal, chuva medonha e nós a ficarmos encharcados! A chuva era tal que os impermeáveis deixaram de ser impermeáveis e deixavam a chuva entrar através deles… para piorar, precisávamos de usar o mapa da app no meu telemóvel. Um filme!

2h depois chegámos ao hotel e não houve problema com a entrega da mota. Estávamos mesmo a precisar de relaxar… então, nada melhor do que ir fazer uma massagem! Mas só depois de termos inventado uma estrutura em frente ao ar condicionado para secar as sapatilhas alagadas do Diogo e o meu macacão que torcido saía dele uma cascata digna de fotos tipo cachoeira do filme lagoa azul!
A massagem veio mesmo a calhar… não podia haver melhor altura para a fazermos! Massagem balinesa de relaxamento, corpo inteiro a ser pressionado e massajado durante 60minutos. Um mimo!

À saída estávamos cegos de fome! Fomos ao Deus Ex Machina, uma loja de surf, com motas clássicas, bar, restaurante e era a tattuesday, dia de tatuagens gratuitas e juro que só não fizemos uma porque depois não podíamos nem apanhar sol nem mergulhar… nops! Aborta!
Comemos muito bem, eu salada de pêra e pato com caju e parmesão (maravilhosa, de chorar por mais!) e o Diogo uma massa com pesto, beringela e courgetes top. Eu bebi um sumo gelado de menta e limão delicioso e o Diogo a cerveja da casa que era picante como tudo! Queremos ficar em Bali para sempre!
Fomos dormir porque no dia seguinte era dia de acordar às 4h da manhã para apanhar o voo para Dili. Timor Lorosae, aqui vamos nós!!
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